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domingo, 27 de março de 2011

A Dor, a Empatia e a Nossa Dor

Na fila de espera para fazer uma coleta de sangue ouvi um voz de criança protestando contra a ameça de uma agulha.

Vale iniciar dizendo que tenho horror de agulhas. Desta forma deixo claro que não foi difícil surgir a empatia pela luta da criança.

Olhando a minha volta notei que diversos adultos riam. Achavam graça dos protestos sonoros da pequena vítima.
Em determinado momento imaginei que aquele serzinho, visivelmente sofrendo, poderia ser a Sofia.
Foi impressionante como bateu um forte mal estar.

Não que eu tivesse acompanhando os adultos que achavam graça do evento, mas a distancia entre o que eu sentia e eles tornou-se abissal.

Nunca fui tolerante com as violências contra as crianças, mas a gestação da Sofia conseguiu lançar-me num patamar desconhecido até então. A primeira vez que verbalizei isto saiu a seguinte frase:
Com a Sofia é que descobri o quanto eu poderia ser intransigente.
Algumas notícias, apesar de não me mudarem externamente, mexiam muito com o meu senso de necessidade de justiça.
É intolerável para mim o limite para a punição de um adulto que maltrata uma criança.
Obviamente isto não se aplicava à uma coleta de sangue, mas um pensamento puxou o outro.

Logo em seguida saiu um menina de 5 anos com uma carinha bem triste e depois eu fiquei sabendo que não tinham conseguido fazer a coleta.
Sara, a pequena, teve que voltar depois.

Saí de lá pensando o quanto estava com saudade da minha linguicinha.
Ser pai de segunda divisão e conseguir conviver com a filha apenas 30% do tempo não é mole. A rotina é passar 2 dias sem ouvir sua voz, mesmo com as ligações diárias, sempre no mesmo horário.

Quando o Enzo pergunta por que vê a Sofia tão pouco eu faço a mesma coisa que fiz quando a Sofia me perguntou isto:
Disfarço e mudo de assunto.

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