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domingo, 7 de outubro de 2012

A Mediação, Sócrates e o Judoca Nu

Observando o treinamento de alguns judocas, fui capaz de notar que o kimono tem papel fundamental neste esporte. Sou propenso a acreditar que trata-se de um leve resumo de um não praticante, mas a curta observação sustentou a seguinte questão:
"Seria bem diferente se não se pudesse segurar no kimono do adversário."
Focando em Sócrates:
"Como discutir com alguém que não esboça apego a valores? Com alguém que não se incomoda em estar errado, que não se envergonha quando é desmascarado? Que raio de dialética é possível nestes termos?"

No nosso terceiro encontro nada evoluiu. Abriu com o que eu julgo um erro dos medidores. Eles ficaram em dúvida sobre um procedimento e expuseram a dúvida. Isto estimulou a mãe da Sofia a afirmar que também tinha outras dúvidas e que seria melhor consultar um advogado.
Ainda ficamos 2 horas na mediação, mas com avanço zero.
Um ponto, levantado por ela e, que parecia consenso, regrediu. Ela sugeriu a troca de escola. Eu posicionei-me, sem explicar, como favorável. Ela queria reduzir os custos e transferir uma volume maior de recursos da Sofia para o seu orçamento. Eu buscava afastar a escola que teve um evolvimento criminoso no processo judicial que culminou com o afastamento da minha filha.
Ela sugeriu uma escola e eu uma outra. Após eu sinalizar de forma clara que os recursos que sobrassem não seria apropriados por ela...Bem, sem alguma base razoável ela descartou a escola por mim sugerida.
Disse que a minha escola era muito longe, apesar dela nem saber onde ficava o estabelecimento.
Obvio ficou que tratava-se de um pirraça. Uma quarentona fazendo pirraça. Patético.
Estava eu lá, numa luta de judo e meu oponente sem o kimono. Lutava nu.

Passei uma semana com alguns pensamentos. Todos desanimadores.

Novo encontro, velhas questões. As mesmas 3.
Tomei a inciativa e sugeri que fizéssemos diferente desta vez. Que buscássemos as conversas em separado primeiro e conjuntamente ao final.
O mediadores, usando um quadro, fizeram uma lista de pontos para conversamos. Usando pouca lógica consegui conduzir a conversa e mostrar que, apesar deles terem colocados 5 itens, eram apenas 3. Saí e quando voltei a outra metade do quadro estava cheia. Algo com uns 10 itens.

Muita fala, pouco entendimento.
Por pontos:
  1. Concordamos que a Sofia deveria dividir o tempo de forma igual entre os pais. A mãe não falou mais no assunto e os mediadores também evitaram. Achei estranho para um formato de consenso, mas por que reclamar?
  2. Ouvi assustado que a mulher não iria prestar contas do dinheiro da criança. Isto lhe daria muito trabalho. Argumentei 3 pontos:
    1. Seria simples. Ela poderia mandar um e-mail com umas 7 linhas e eu faria o controle. Ela teria a liberdade de, se estivesse muito cansada, omitir qualquer gasto. Entretanto os cálculos usariam apenas os valores declarados por ela e desta forma seguiriam os depósitos. tanto para a conta dela, se faltasse, quanto para a conta da criança, se os recursos sobrassem.
    2. Que era direito da minha filha a fiscalização. Esta prevista em lei como meu dever e que não havia possibilidade de ser diferente.
    3. Que este papel, que agora ela se recusava a cumprir, não lhe tinha sido imposto. Ele mesma lutou com unhas e dentes por ele e se, por acaso, ela se sentisse inapta, eu poderia fazê-lo. Bastaria passar o recolhimento dos valores para mim
    • Ela firmou a posição, não faria isto. Jogou sobre a mesa umas fotocópias com os principais gastos. Afirmei que os valores não me interessavam. Discutia o princípio dela dispor de recursos, que não lhe pertenciam, sem nenhuma transparência  Desesperando os mediadores afirmei que isto não ficaria daquela maneira. Disse que se ela não prestasse contas não havia possibilidades de continuarmos com ela gerenciando os recursos e ela aceitou a apresentação de um outro modelo. Lembrei que ela já conhecia um outro modelo. Eu o tinha enviado para ela no início de 2009, antes dela gestar o conflito.
  3. A proposta apresentada de governança é que a cada discordância um especialista seria usado para definir o ponto. Expliquei que não era uma ideia ruim, mas não era a melhor. A relação sustenta-se sobre bases patológicas. Não existe a "ditadura da razão". A discussão sobre se a Sofia deve ou não usar maquiagem infantil não é sobre maquiagem. É outra discussão. Facilitadores "ad hoc" não seriam capazes de evitar alguns absurdos.
Os mediadores, fortemente empenhados, redigiram um acordo temporário.
  1. A Sofia passa mais tempo agora comigo.
  2. Enviarei a proposta antiga para a mãe dela avaliar.
  3. Especialista "ad hoc" serão envolvidos sempre que discordarmos.
Voltaremos a nos encontrar em 12 de dezembro.
Com tudo assinado eu peguei a Sofia horas depois e já fui avisando:
"Teremos curso de música na próxima semana." :-)

Dois anos e meio depois e a minha filha volta à convivência normal.
Igualitária sim, harmônica não.

Qual o limite humano para perdoar e aceitar a Medéia?
Esta deve se tornar outra postagem.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mediação para quem tem Tempo Livre


Entre os romanos, o trabalho para sustentar a vida era identificado à palavra negócio, literalmente, negação do ócio. O ócio significava, para os antigos, a forma nobre e digna de ocupar o tempo livre com o lazer, a arte do governo e a reflexão. Enquanto isso, as atividades relacionadas diretamente com a sobrevivência material ficavam a cargo dos escravos, cujas funções eram consideradas desprezíveis.
Fonte:  MEC

Chegamos ao segundo encontro da mediação. Um dos mediadores teve um problema de saúde e a mediadora nos ofereceu a possibilidade de não fazermos o encontro, se sua partcipação fosse julgada essencial
Pensei: "Sei que é importante. Mais um olhar poder ter um bom efeito como inbidor de comportementos da mãe da Sofia". Enquanto pensava isto um calafrio de correu o corpo. 'Ela vai aproveitar para evitar esta sessão". Rapidamente inclinei-me dizendo que via como importante a participação do outro mediador, mas que não faria sentido interrompermos o esforço de diálogo.
Com um acesso de cabeça da outra parte minha pressão arterial começou a baixar. :-)

Cada um de nós ficou com a tarefa de trazer uma lista de itens para negociarmos.
Ela tinha 3 folhas, com uns 10 itens por folha, aproximadamente.
De ida à médica até a necessidade de dividirmos igualmente o período no qual a Sofia fica sem escola e ainda traalhamos, alguns dias antes do Natal.

 Por quase duas horas discutimos os pontos apresentados pela mãe. Um festival de irrelevâncias, de reafirmação do óbvio que já é rotina e de algumas esquivas. Fui orietado a valorizar os pontos apresentados e segui esta orientação. Talve com um empenho superior ao necessário. De relevante mesmo apenas seu iteresse em mudar a Sofia de escola. Ah, aquela escola...

Eu tinha 3 itens. Tive que aumentar muito a fonte para cobrir uma pequena área da folha. Algo exatamente assim:
Pontos para a Mediação
  1. Ampliação da convivência entre a Sofia e o Pai.
  2. Gestão conjunta dos recursos financeiros da Sofia e seu uso
  3. Determinação de um processo de tomada de decisão
O tempo já terminava e notei o interesse da mãe de nem ao menos comentar as minhas propostas. Com a pressão aplicada ela não encontrou saída.
Explicou que uma mudança na rotina da criaça poderia ter um impacto muito negativo. Desta forma ela era contra o item 1.
Expliquei que a equação para prestação de contas seria: Recursos da Sofia - Gastos Comprovados = Sobra Mensal.
Se sobreasse dinheiro seria depositado numa poupança da Sofia, se faltasse, metade do valor seria depositado por mim na conta da mãe.
Após ouvir isto não se manifestou sobre o este ponto.
Sobre o terceiro ponto disse que a única forma de lidar com a discordância seria o imobilismo, ou seja, que nada fosse feito.
Expliquei que seria necesário que ela pensasse sobre esta questão, pois estava claro que ela tinha sido surpreendida. Tal proposta não se sustentaria na rotina real.
Com um cenário de pouco equilíbrio, encerramos o encontro: Duas horas versus 10 minutos.

No meio ela me pergunta quais eram os 3 processos que eu abriria contra ela.
Sugeri que ela observasse quantos pontos eu trazia para a mediação.

Arrastada para a mediação sob ameaças ela não tinha muita substancia a propor, mas ficou finalmente claro o motivo de estarmos lá.