Observando o treinamento de alguns judocas, fui capaz de notar que o kimono tem papel fundamental neste esporte. Sou propenso a acreditar que trata-se de um leve resumo de um não praticante, mas a curta observação sustentou a seguinte questão:
"Seria bem diferente se não se pudesse segurar no kimono do adversário."
Focando em Sócrates:
"Como discutir com alguém que não esboça apego a valores? Com alguém que não se incomoda em estar errado, que não se envergonha quando é desmascarado? Que raio de dialética é possível nestes termos?"
No nosso terceiro encontro nada evoluiu. Abriu com o que eu julgo um erro dos medidores. Eles ficaram em dúvida sobre um procedimento e expuseram a dúvida. Isto estimulou a mãe da Sofia a afirmar que também tinha outras dúvidas e que seria melhor consultar um advogado.
Ainda ficamos 2 horas na mediação, mas com avanço zero.
Um ponto, levantado por ela e, que parecia consenso, regrediu. Ela sugeriu a troca de escola. Eu posicionei-me, sem explicar, como favorável. Ela queria reduzir os custos e transferir uma volume maior de recursos da Sofia para o seu orçamento. Eu buscava afastar a escola que teve um evolvimento criminoso no processo judicial que culminou com o afastamento da minha filha.
Ela sugeriu uma escola e eu uma outra. Após eu sinalizar de forma clara que os recursos que sobrassem não seria apropriados por ela...Bem, sem alguma base razoável ela descartou a escola por mim sugerida.
Disse que a minha escola era muito longe, apesar dela nem saber onde ficava o estabelecimento.
Obvio ficou que tratava-se de um pirraça. Uma quarentona fazendo pirraça. Patético.
Estava eu lá, numa luta de judo e meu oponente sem o kimono. Lutava nu.
Passei uma semana com alguns pensamentos. Todos desanimadores.
Novo encontro, velhas questões. As mesmas 3.
Tomei a inciativa e sugeri que fizéssemos diferente desta vez. Que buscássemos as conversas em separado primeiro e conjuntamente ao final.
O mediadores, usando um quadro, fizeram uma lista de pontos para conversamos. Usando pouca lógica consegui conduzir a conversa e mostrar que, apesar deles terem colocados 5 itens, eram apenas 3. Saí e quando voltei a outra metade do quadro estava cheia. Algo com uns 10 itens.
Muita fala, pouco entendimento.
Por pontos:
- Concordamos que a Sofia deveria dividir o tempo de forma igual entre os pais. A mãe não falou mais no assunto e os mediadores também evitaram. Achei estranho para um formato de consenso, mas por que reclamar?
- Ouvi assustado que a mulher não iria prestar contas do dinheiro da criança. Isto lhe daria muito trabalho. Argumentei 3 pontos:
- Seria simples. Ela poderia mandar um e-mail com umas 7 linhas e eu faria o controle. Ela teria a liberdade de, se estivesse muito cansada, omitir qualquer gasto. Entretanto os cálculos usariam apenas os valores declarados por ela e desta forma seguiriam os depósitos. tanto para a conta dela, se faltasse, quanto para a conta da criança, se os recursos sobrassem.
- Que era direito da minha filha a fiscalização. Esta prevista em lei como meu dever e que não havia possibilidade de ser diferente.
- Que este papel, que agora ela se recusava a cumprir, não lhe tinha sido imposto. Ele mesma lutou com unhas e dentes por ele e se, por acaso, ela se sentisse inapta, eu poderia fazê-lo. Bastaria passar o recolhimento dos valores para mim
- Ela firmou a posição, não faria isto. Jogou sobre a mesa umas fotocópias com os principais gastos. Afirmei que os valores não me interessavam. Discutia o princípio dela dispor de recursos, que não lhe pertenciam, sem nenhuma transparência Desesperando os mediadores afirmei que isto não ficaria daquela maneira. Disse que se ela não prestasse contas não havia possibilidades de continuarmos com ela gerenciando os recursos e ela aceitou a apresentação de um outro modelo. Lembrei que ela já conhecia um outro modelo. Eu o tinha enviado para ela no início de 2009, antes dela gestar o conflito.
- A proposta apresentada de governança é que a cada discordância um especialista seria usado para definir o ponto. Expliquei que não era uma ideia ruim, mas não era a melhor. A relação sustenta-se sobre bases patológicas. Não existe a "ditadura da razão". A discussão sobre se a Sofia deve ou não usar maquiagem infantil não é sobre maquiagem. É outra discussão. Facilitadores "ad hoc" não seriam capazes de evitar alguns absurdos.
Os mediadores, fortemente empenhados, redigiram um acordo temporário.
- A Sofia passa mais tempo agora comigo.
- Enviarei a proposta antiga para a mãe dela avaliar.
- Especialista "ad hoc" serão envolvidos sempre que discordarmos.
Voltaremos a nos encontrar em 12 de dezembro.
Com tudo assinado eu peguei a Sofia horas depois e já fui avisando:
"Teremos curso de música na próxima semana." :-)
Dois anos e meio depois e a minha filha volta à convivência normal.
Igualitária sim, harmônica não.
Qual o limite humano para perdoar e aceitar a Medéia?
Esta deve se tornar outra postagem.